Por Mauro Murara Júnior – Engenheiro florestal e diretor executivo da ACR

O extrativismo vegetal, que se intensificou no início da década de 1970 em Santa Catarina, contribuiu para uma imagem negativa do setor florestal. Com as novas tecnologias e as espécies utilizadas atualmente o extrativismo deu lugar ao conservacionismo.

Temos hoje em Santa Catarina aproximadamente 850 mil hectares de florestas plantadas, principalmente com pinus e eucalipto e uma parcela pouco significativa de espécies não tradicionais. Isso representa cerca de 6,1% do território catarinense. No Brasil todo, menos de 1% da superfície territorial é ocupada com florestas plantadas. Em comparação com outras atividades do agronegócio, a silvicultura é uma das que ocupa as menores áreas.

Em virtude da legislação ambiental, federal e estadual, que restringe e protege componentes da paisagem, como Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL), as propriedades para uso intensivo com florestas plantadas não ultrapassam 50% da superfície do imóvel. Os outros 50% são utilizados por APP e RL, que são compostas por olhos d´água, nascentes e margens de cursos hídricos. Em nascentes o raio da área protegida é de 50 metros. Nos cursos hídricos ela pode chegar a 30 metros de largura. As Reservas Legais são compostas por florestas naturais conservadas e ocupam 20% da área do imóvel. Uma Reserva Legal, diferente da APP, pode receber manejo florestal, o que acontece de forma sustentável.

O levantamento mais recente sobre a vegetação nativa do estado de Santa Catarina foi feito pela Universidade Regional de Blumenau (FURB), junto com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDE). Neste estudo foi identificado que 31% da superfície territorial do estado de Santa Catarina é composta por florestas nativas em estágio secundário. Isto é: estágio avançado de recuperação. São espécies mais adaptadas e evoluídas, árvores com ciclo de vida mais longo. O solo está em equilíbrio e em processo de recuperação. Estes bons indicadores ambientais refletem não só a flora, mas em toda a biota destes 31% de cobertura territorial com vegetação nativa.

Santa Catarina tem alguns casos de sucesso dentro do sistema de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA). O mais simbólico é o da Bacia Hidrográfica do Rio Vermelho, que abrange os municípios de São Bento do Sul, Campo Alegre e Rio Negrinho. O programa contribuiu significativamente para resolver a falta de abastecimento de água. Em períodos curtos de estresse hídrico, São Bento do Sul vinha sofrendo com cortes ou racionamentos. Implantado já há mais de 10 anos, vem dando ótimos resultados. Empresas associadas à ACR e que têm propriedades dentro da Bacia do Rio Vermelho, recebem pela manutenção e restauração de áreas, principalmente em APP, às margens de cursos hídricos. Algumas empresas chegam a receber até R$ 6 mil ao ano através do sistema de PSA.

A importância do setor de base florestal, tanto na conservação dos recursos naturais, quanto na manutenção da vegetação nativa e restauração da paisagem é evidente. Podemos afirmar, com orgulho e sem medo de errar, que Santa Catarina e as empresas de base florestal organizadas estão fazendo um trabalho exemplar.