Uma das principais preocupações no mundo dos negócios, hoje, é como manter o resultado das grandes corporações sem esgotar os recursos naturais. Com nomes internacionais reconhecidos pelo trabalho em prol do meio ambiente, a sexta edição do Fórum Sustentabilidade e Governança foi encerrada nesta quarta-feira (23). O destaque do evento, que reuniu cerca de 200 participantes, foram as inovações nos investimentos em sustentabilidade, apontando caminhos que podem ser seguidos para que a economia cresça de forma responsável.

Abrindo o segundo e último dia de debates, o Diretor Executivo do Fórum de Florestas da ONU, Manoel SobralFilho, apresentou as metas das Nações Unidas para o desenvolvimento sustentável, destacando onde a preservação de florestas nativas se inclui nesses objetivos. Este painel foi mediado pelo diretor executivo da ABAF, Wilson Andrade.

Em seguida, a fala foi de representantes de duas empresas que fazem da manutenção de áreas naturais um negócio. Michael Jenkins, CEO da americana Forest Trends e David Brand, presidente do comitê de investimentos da New Forests, da Austrália, demonstraram que florestas em pé, além de necessárias, são economicamente viáveis e lucrativas. Por isso, elas são de interesse de investidores de grande porte.

Exemplos nacionais de conservação foram debatidos no segundo painel do dia. David Canassa, gerente corporativo de sustentabilidade da Votorantim e a gerente da Fundação Grupo Boticário, Leide Takahashi, falaram sobre o investimento das empresas em reservas naturais. Clóvis Borges, da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), enfatizou as práticas de gestão nas reservas mantidas pela ONG no litoral paranaense com o apoio da iniciativa privada. Para mensurar e premiar o engajamento de empresas com a sustentabilidade, a coordenadora técnica do Instituto Life, Regiane Borsato, falou sobre a Certificação Life.

No debate que encerrou o evento, Michael Jenkins e David Canassa dividiram o palco com o especialista em comunicação corporativa Eloi Zanetti para uma conversa que abordou o papel das empresas na busca por uma economia sustentável, frisando que ainda há muito trabalho pela frente. A importância de gerar consciência ambiental entre os tomadores de decisão das grandes corporações e de comunicar eficientemente as ações das empresas para o público foram consenso entre os debatedores.

Alternativas energéticas e gestão de resíduos

Durante o evento, a geração de energia limpa recebeu atenção especial. Weider Silva, membro do Conselho Administrativo da Mepen, empresa especializada em painéis fotovoltaicos, comentou o desenvolvimento dessa forma de energia no Brasil. Mostrando que a energia solar não é mais a “energia do futuro” e sim um negócio lucrativo no presente, o gestor executivo de suprimentos da MRV Engenharia, Luis Henrique Capanema, falou sobre o primeiro condomínio do programa Minha Casa Minha Vida com sistema de energia fotovoltaica. A hidrelétrica Itaipu Binacional também investe em fontes alternativas, como apresentou o superintendente de energias renováveis Paulo Afonso Schmidt, que falou sobre a geração energética movida a biometano desenvolvida pela empresa.

O português Luís Veiga, diretor da Sociedade Ponto Verde, entidade voltada para a gestão e reciclagem de resíduos, falou sobre a responsabilidade das empresas fabricantes pelo lixo gerado por seus produtos, em especial as embalagens. Comparando as ações e metas da União Europeia às brasileiras, Veiga concluiu: “Para que exista uma economia circular no Brasil, tem de haver vontade política clara”.