Os nove projetos analisados durante a 66a reunião do Conselho Consultivo (CC) do Fundo Comum de Commodities (CFC) da ONU, realizada entres os dias 29/06 e 02/07, foram aprovados e agora seguem para validação pelo Conselho Executivo da entidade. A reunião foi realizada via teleconferência e presidida pelo economista e empresário baiano Wilson Andrade, também diretor executivo da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF).  

Selecionados entre os 70 apresentados no último edital, estes nove projetos devem ser implantados no Brasil (quinoa no valor de US$ 3 milhões), Quênia (macadâmia US$ 2,2 milhões, abacate US$ 2 milhões, canola US$ 2,7 milhões), Zâmbia (cereais US$ 3 milhões), Burundi (frutas US$ 4,5 milhões), Bangladesh (artesanato US$ 2 milhões), Benin (abacaxi US$ 5,3 milhões) e Colômbia (cacau US$ 2,5 milhões). Eles somam investimentos totais de US$ 28 milhões, com aporte do CFC de mais de US$ 12 milhões. O projeto do Brasil é no Oeste da Bahia, no valor total de US$ 3 milhões que requer financiamento de US$ 1,5 milhão do CFC.

A reunião durou quatro dias com a participação da equipe técnica (de Amsterdam, sede do CFC) e dos nove membros do CFC que estarão em seus países de origem (Brasil, China, Rússia, Índia, Burundi, Malásia, Argentina, Gana e Alemanha). “O CFC, com os devidos cuidados com seus clientes e equipe gerencial e diretiva, continua atuando para cumprir seu principal objetivo que é cuidar para que os benefícios do desenvolvimento das commodities cheguem a todos, notadamente aqueles mais necessitados que são os pequenos produtores nas mais longínquas regiões dos países menos desenvolvidos”, explica Andrade.

Andrade explica que, além de analisar e aprovar os novos projetos, o CC também faz o monitoramento dos projetos em curso. Estes projetos estão beneficiando 520 mil pequenos produtores em vários países, com incremento das suas rendas líquidas anuais. Abrangem ainda o cultivo em 50 mil novos hectares, aumentam em 72% a representação feminina, além de criarem mais de 5 mil novos empregos, com renda líquida (por emprego) que pode passar de US$ 965 para mais de US$ 4 mil.

O CFC apoia o desenvolvimento de commodities financiando  projetos com amplo impacto social e econômico, sem descuidar dos aspectos ambientais. O objetivo é a verticalização das cadeias produtivas nas áreas de produção visando que a maior parte da renda permaneça com os produtores rurais de cada produto, em cada país. A priorização de projeto pelo CFC leva em consideração os 17 ODS da ONU, em especial: 01 – redução da pobreza; 02 – fome zero; 05 – igualdade de gêneros; 08 – trabalho decente e 10 – redução de iniquidades.  

Andrade adianta que cada seis meses o CFC divulga nova chamada de propostas de todo o mundo (empresas pequenas e grandes, cooperativas, associações de produtores, agências de desenvolvimento etc.) oferecendo empréstimos, investimentos acionários e até mesmo, em casos especiais, recursos não reembolsáveis. “Uma nova chamada de proposta foi lançada e está com prazo para apresentação de projetos até 15 de outubro de 2020 (disponível no site do CFC: https://www.common-fund.org/call-for-proposals/)”, informa.

Considerando que os efeitos da pandemia afetam produtores em todo o mundo, o presente edital contemplará projetos especiais de ações com commodities para enfrentamento da crise. Os aportes variam de US$ 300 mil a US$ 2 milhões para empréstimos e/ou investimento acionário nos projetos e de até  US$ 120 mil para recursos não reembolsáveis. 

Wilson Andrade tem destacado a oportunidade dos recursos e experiências em projetos que podem interessar aos baianos, com possíveis de apoio do CFC nas áreas de madeira, cacau, café, sisal, leite, frutos, verduras, piaçava, amêndoas, pescado etc. Em 2019 foram aprovados projetos para a Bahia nas áreas de citrus, umbu e cogumelo nas regiões de Juazeiro, Vitória da Conquista e Litoral Norte.

“As oportunidades de recursos internacionais para apoiar projetos que tenham impacto positivo nas áreas sociais, ambientais e econômicas são imensas e, até então, pouco demandadas pelos baianos. A Bahia e o Brasil precisam se internacionalizar mais e este esforço tem que ser conjunto entre o Governo e a iniciativa privada. E não apenas pela possibilidade de financiamento do Fundo, mas pelas oportunidades com outras fontes da ONU e de países-membros. Podemos levar a possíveis interessados as demandas do nosso agronegócio – o setor que mais ajuda o Brasil a crescer”, disse Andrade.

O CFC é formado por 104 países-membros com a missão de apoiar o desenvolvimento econômico, social e ambiental, através de incentivos a commodities em todo o mundo. O CC é composto por nove especialistas eleitos pelos países-membros e tem a função de definir prioridades para o Fundo, analisar, aprovar e acompanhar projetos que lhe são apresentados.

WILSON ANDRADE – Presidente do Conselho Superior da Associação Comercial da Bahia (ACB), Diretor da Federação das Indústrias da Bahia (FIEB), Presidente do Conselho Consultivo (CC) do Fundo Comum de Commodities (CFC) das Nações Unidas (ONU), Cônsul Honorário da Finlândia eDiretor Executivo da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF).