A força econômica das florestas plantadas, seu potencial, demandas e os desafios a serem enfrentados foram assuntos debatidos, na manhã de 19/11, pela Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), em audiência pública sobre “Floresta Plantada e a Cadeia Produtiva do Eucalipto”. A reunião reuniu produtores e representantes do setor privado, do legislativo, do Governo e da academia.

O objetivo foi discutir e buscar formas de atendimento das demandas locais, nacionais e internacionais por produtos de madeira, de forma a gerar mais empregos, impostos e outros benefícios sociais, ambientais e econômicos para a Bahia. As empresas Bracell e Ferbasa promoveram ainda uma exposição no local para mostrar os produtos produzidos pelas comunidades que apoiam.

Para a presidente da comissão, deputada Jusmary Oliveira (PSD), o encontro foi uma grade oportunidade de dialogar com o segmento que lidera as exportações na Bahia e emprega 234 mil pessoas em quatro pólos (Sul e Extremo Sul, Litoral Norte, Oeste e Sudoeste). “A reunião deu continuidade à proposta da comissão de ouvir os segmentos produtivos do agronegócio baiano, mas serviu também para desmistificar o setor. O eucalipto é muitas vezes incompreendido, mas precisa ser defendido porque contribui com o crescimento da Bahia e ajuda na preservação do meio ambiente”, declarou. Defendendo os produtores, a deputada garantiu que eles têm, sim, compromissos sociais e com o meio ambiente, “não raro são injustiçados” e que precisam ser conhecidos.

Um dos palestrantes do encontro, Wilson Andrade, diretor executivo da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF), demonstrou a pujança do setor que representa. De acordo com os dados de 2018 (lançados no relatório Bahia Florestal 2019), a Bahia possui 657 mil hectares de plantações florestais; preserva outros 500 mil hectares; possui 636 empresas do setor que investiu R$ 728 milhões; responde por 18,4% do total das exportações do estado; emprega cerca de 235 mil pessoas; contribui com mais de 5% com o PIB estadual e tem arrecadação tributária superior a R$ 4 bilhões (equivalente a 4,3% do total arrecadado em impostos federais, estaduais e municipais). Deste ano até 2024, os investimentos no setor devem ultrapassar R$ 22 bilhões.

“Mas o Brasil ainda tem uma exportação bastante tímida se comparado com números internacionais. O mundo exporta US$ 350 bilhões em madeira e o Brasil apenas US$ 12,5 bilhões, ou seja, 4% do volume mundial. A demanda por madeira exige que até 2050 sejam 250 milhões de hectares plantados adicionalmente no mundo”, informou. “Um dos desafios que o setor deve enfrentar é a busca pelo aumento na verticalização da cadeia produtiva. Para isso é necessário incentivar novos plantios e a instalação de indústrias que beneficiem o eucalipto aqui mesmo na Bahia, apontam os produtores, uma vez que, atualmente, cerca de 80% da madeira consumida aqui ainda vem de outros estados”, completou.

Há também as contribuições ambientais das florestas plantadas na Bahia, frisou Wilson Andrade. Elas “evitam o desmatamento de habitats naturais; protegem a biodiversidade; preservam o solo e as nascentes dos rios; recuperam áreas degradadas; são fontes de energia renovável e contribuem para a redução das emissões de gases causadores dos efeitos estufa”, garantiu o diretor da ABAF.

Outro palestrante foi o secretário executivo do Fórum Florestal da Bahia, entidade que defende o diálogo florestal. Márcio Braga discorreu sobre os acordos que o Fórum tem firmado em favor dos produtores, que vão desde o fomento florestal até medidas de segurança nas estradas. Dentre os programas geridos e executados pela entidade está o estudo de evolução temporária da cobertura vegetal no Estado.

A professora Gabriela Narezi expôs o projeto de pesquisa e extensão que dirige no Sul da Bahia: Desenvolvimento Socioambiental para Agricultura Familiar. Doutora em Ecologia Aplicada, Narezi coordena o Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica Pau-Brasil e anunciou a criação do curso de extensão rural no âmbito da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). É também no Sul da Bahia que ela vem trabalhando e negociando com 350 famílias. A pedido da Veracel, ela vem realizando uma série de atividades e programas com a comunidade, como mediação na divisão dos lotes; diálogo socioeconômico e vigilância da segurança alimentar.

O coordenador do curso de Engenharia Florestal da UFRB, Liniker Silva disse que desde sempre as pessoas precisam dos produtos que vêm das florestas. “O manejo correto e integrado comprova que o eucalipto não seca o solo ou desmata, mas ajuda a preservar”, disse. 

Representantes na audiência

A audiência também contou com a presença de uma série de deputados e representantes das secretarias de estado da Bahia. Para o deputado Sandro Régis, os plantios florestais transformaram o sul e extremo sul da Bahia. “O setor tem dado grandes contribuições, seja na geração de renda ou oferta de emprego. Também leva educação onde, às vezes, o setor público não chega”, declarou.

“Acompanho a evolução do setor e é bom esta abertura com a Alba para que possamos ajudar na geração de novos empregos e levar benefícios sociais para mais pessoas”, completou o deputado Eduardo Salles. “As florestas levam desenvolvimento para as regiões. Podemos pensar em ter, ao mesmo tempo, agricultura, pecuária e floresta. Temos que abrir a mente”, disse o deputado Zé Cocá.

O superintendente do Ibama, Rodrigo Alves, disse que ficou impactado quando conheceu a Veracel e isso o ajudou a criar o Fórum de Inovação e Sustentabilidade para a Competitividade. “Os órgãos ambientais têm que ser eficientes no combate do que está errado, de quem não cumpre as leis. Por outro lado, temos que parabenizar e usar como exemplo aqueles, como o setor florestal, que fazem até mais do que é exigido”, explicou.

Também favorável ao setor de florestas plantadas, o Diretor de Desenvolvimento da Agricultura da Seagri, Assis Pinheiro, informou que, como agrônomo, sempre sugere o plantio de madeira porque também é uma ótima poupança. “É importante a diversidade de culturas nas propriedades de forma sustentável, como vemos com o ILPF e as agroflorestas”, completou.

O Diretor de Políticas de Biodiversidade e Florestas da Sema, Maurício Batista Galvão, informou que é formado em Engenharia Florestal e que sempre estudou como o setor ajuda no desenvolvimento do interior do estado. “Acredito que os 5% de participação no PIB falam por si só. Além disso, as florestas plantadas reduzem a pressão sobre as nativas. Temos que pensar em desenvolvimento de projetos madeireiros e não madeireiros. Os ativos ambientais que o setor florestal preserva também são importantes. Este setor ajuda de forma dupla: preservando o meio ambiente e ajudando no desenvolvimento do estado”, contribuiu.

“A ABAF sugeriu à Alba esta audiência pública e à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, a criação de uma agenda positiva do setor. E, assim, começamos hoje um projeto para fomentar o setor. Vamos escutar os pleitos para ver o que podemos fazer, pois a SDE tem interesse em ser protagonista dessa agenda”, anunciou Laís Maciel, Diretora de Interiorização do Desenvolvimento da SDE.

Nesta terça-feira (19/11), a Comissão de Agricultura e Políticas Rurais da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) reuniu produtores e representantes do setor privado, do legislativo, do Governo e da academia na reunião da cadeia produtiva de florestas plantadas.

O objetivo foi discutir e buscar formas de atendimento das demandas locais, nacionais e internacionais por produtos de madeira, de forma a gerar mais empregos, impostos e outros benefícios sociais, ambientais e econômicos para a Bahia.

A reunião contou com a presidente da comissão, Deputada Jusmary Oliveira; do Diretor de Desenvolvimento da Agricultura da Seagri, Assis Pinheiro; do Diretor de Políticas de Biodiversidade e Florestas da Sema, Maurício Batista Galvão; do superintendente do Ibama, Rodrigo Alves; do representante do Fórum Florestal da Bahia, Márcio Braga; da professora da UFSB, Gabriela Narezi; do coordenador do curso de Engenharia Florestal da UFRB, Liniker Silva; e do diretor da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF), Wilson Andrade.

As empresas Bracell e Ferbasa promoveram ainda uma exposição no local para mostrar os produtos produzidos pelas comunidades que apoiam.

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