Na data em que se comemora o Dia Mundial das Florestas, 21 de março, o Sul da Bahia merece destaque por possuir quase 90 mil hectares só em remanescentes de Mata Atlântica conservados, dentre eles quatro Parques Nacionais, um Refúgio de Vida Silvestre, 18 Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) e Áreas de Alto Valor de Conservação – isso sem levar em consideração as Áreas de Proteção Permanente (APP) e as áreas de Reserva Legal (RL).

A região, junto com o Norte do Espírito Santo, integra a Hileia Baiana (ou floresta de tabuleiro), que são áreas de florestas que possuem elementos típicos da Mata Atlântica e espécies com características da Floresta Amazônica. Entres as áreas de preservação do bioma Mata Atlântica, a RPPN Estação Veracel, com 6.069 hectares de floresta preservada, está entre as 20 de maior diversidade arbórea do mundo. Se estendendo pelos municípios de Santa Cruz Cabrália e de Porto Seguro, a RPPN Estação Veracel possui, em média, 360 espécies arbóreas por hectare como, por exemplo, um pequi-preto com mais de 600 anos de idade, um dos símbolos da importância da preservação ambiental na região.

Além do pequi-preto, na Estação Veracel é possível encontrar árvores centenárias como pau-brasil, jacarandá e jatobá bem como espécies com características da Floresta Amazônica como massaranduba, imbiruçu e gindiba.

A RPPN Estação Veracel fica a cerca de sete quilômetros em linha reta do Parque Nacional do Pau-Brasil com o qual integra o Corredor Central da Mata Atlântica, reconhecido pela Unesco por sua importância para a conservação da biodiversidade.

FLORESTA SEM ANIMAIS NÃO É FLORESTA – Além da grande variedade arbórea existente nesta área preservada, a reserva também é reconhecida por possuir uma grande variedade de animais silvestres, muitos deles ameaçados de extinção. Monitoramento realizado na área apontou a presença de 28 espécies de mamíferos, 267 espécies de aves e 40 espécies de anfíbios. Todos os animais são importantes para manter a vida nas florestas, uma vez que várias espécies arbóreas são dependentes deles para dispersão de suas sementes e retribuem com a oferta de alimento para a fauna silvestre.

Só na última campanha deste monitoramento, câmeras instaladas registraram cinco espécies de animais que ainda não tinham sido catalogadas na Estação Veracel. São eles: irara, gato-do-mato-pequeno, mão-pelada, tapiti e ouriço-cacheiro. Há quase dois anos, as câmeras registraram a presença de uma onça-pintada um animal topo de cadeia alimentar. Além deste mamífero, no ano passado, dois ninhos de harpia com filhote foram encontrados na RPPN também. A harpia é a maior ave de rapina das américas e também é um animal topo da cadeia alimentar, habitando as copas das árvores. A presença destes animais reforça a vitalidade da floresta.

A Costa do Descobrimento também é um dos lugares de maior ocorrência e concentração de espécie de aves endêmicas da Mata Atlântica e ameaçadas de extinção. Entre elas, o crejoá, que tem despertado o interesse de observadores de aves do mundo pela região.

DESAFIOS – Apesar da região de merecer destaque pela conservação de importantes fragmentos da Mata Atlântica, a preservação da fauna e da flora, na região, ainda sofre ameaça constante devido à prática da caça, captura de animais silvestres e a extração ilegal de árvores nativas, principais crimes ambientais registrados no território da Costa do Descobrimento. De acordo com dados da Companhia Independente de Polícia de Proteção Ambiental (CIPPA), de 2015 a 2018, foram resgatados mais de 11 mil animais silvestres que haviam sido retirados de seu habitat.