O setor de base florestal brasileiro continua com possibilidade de crescimento em termos de exportações e investimentos porque o setor recebe alavancagem de setores  que utilizam madeira plantada em seus processos produtivos, com destaque para: papel e celulose; construção civil; movelaria; mineração; e energia de biomassa. Estes setores terão recuperação com a expectativa de volta do crescimento do Brasil.

Além das funções produtivas, os plantios de árvores desempenham importante papel na prestação de serviços ambientais: evitam o desmatamento de hábitats naturais, protegendo assim a biodiversidade; preservam o solo e as nascentes de rios; recuperam áreas degradadas; são fontes de energia renovável e contribuem para a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa por serem estoques naturais de carbono.

Tudo isso também nos coloca em vantagem, inclusive, no que diz respeito ao Acordo de Paris. Por ele, o Brasil compromete-se a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, até 2025, com uma contribuição indicativa subsequente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% abaixo dos níveis de 2005, até 2030. Para isso, o país se compromete a aumentar a participação de bioenergia sustentável na sua matriz energética para aproximadamente 18% até 2030, restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas, bem como alcançar uma participação estimada de 45% de energias renováveis na composição da matriz energética em 2030.

A economia brasileira dá sinais que está voltando a crescer e isso é muito positivo para que possamos, inclusive, acompanhar a demanda de produtos oriundos das florestas plantadas. Esta demanda (mundial) cresce sistematicamente. De acordo com a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), o mundo tem um grande desafio: plantar 250 milhões de hectares adicionais de florestas para atender a demanda crescente por madeira e os produtos dela provenientes até 2050.

E o Brasil? Que parte vamos absorver disso? É importante que o Brasil se prepare para acompanhar e atender a parte dessa demanda. Temos todas as condições favoráveis para isso: alta tecnologia empregada no setor, disponibilidade de terra para novos plantios (temos cerca de 200 milhões de hectares de terras degradadas que, em parte, podem receber novas florestas plantadas). Considerando tudo isso, apostamos que grande parte dessa demanda mundial passe a ser atendida pelo Brasil e, esperamos pela Bahia, tendo em vista as características do setor em nosso Estado.

Mas existem entraves a serem resolvidos. Segurança jurídica que implica nos direitos de propriedade privada e na segurança das suas plantações; estabelecimento e liberação dos créditos fiscais; licenciamento ambiental; liberação de compra de terra para empresas com capital estrangeiro; e melhor logística são alguns deles.

O crescimento econômico conta com a expectativa de liberação dos investimentos estrangeiros no setor florestal que estão bloqueados há mais de quatro anos. Existem acordos desenvolvidos com a Casa Civil e as lideranças partidárias no Congresso para o retorno desses investimentos. A liberação da compra de terras por estrangeiros no Brasil deverá provocar um grande fluxo de investimentos no país, principalmente por parte de fundos internacionais em busca de rentabilidade segura e de longo prazo. Os investimentos estrangeiros em florestas plantadas podem ajudar a economia do país e da Bahia. Estima-se a possibilidade de investimentos no setor florestal na ordem de R$ 50 bilhões nos próximos cinco anos. E a Bahia, líder mundial em produtividade de eucalipto, deve trabalhar para assegurar boa parte desses investimentos.

  • Por Wilson Andrade, Diretor Executivo da ABAF. Economista e Professor de Economia Internacional.

* Empresário e economista com vasta experiência nas áreas de fusões e aquisições empresariais, relações internacionais e comércio exterior, indústria e agronegócio, Wilson Andrade tem presidido várias entidades setoriais no Brasil e exterior. Há 5 anos tem se dedicado também ao setor florestal, na diretoria da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF), a qual participa de mais de 30 diferentes fóruns estaduais e nacionais, onde ocorre uma constante troca de informações e experiências que contribuem para a formulação de políticas públicas e privadas para o desenvolvimento contínuo e sustentável das atividades florestais.

Atividades atuais: diretor executivo da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF), presidente da Bolsa de Mercadorias da Bahia, cônsul honorário da Finlândia na Bahia e Sergipe, presidente do Sindicato das Indústrias de Fibras Naturais da Bahia (Sindifibras), presidente do International Natural Fibres Organization (INFO), presidente da Comissão de Comércio Exterior da Associação Comercial da Bahia (Comex-ACB) e sócio diretor da Canabrava Agroindustrial.