A FSG – empresa de consultoria fundada por Michael Porter e Mark Kramer, professores da Universidade Harvard (EUA) e estudiosos sobre a relação entre economia e impacto social – finalizou uma análise das ações de sustentabilidade realizadas pela Fibria, líder mundial na produção de celulose de eucalipto a partir de florestas plantadas. O estudo de caso teve como base uma ampla pesquisa e um total de 65 entrevistas com os mais diversos tipos de stakeholders da companhia, como funcionários, conselheiros, fornecedores, pesquisadores, órgãos fiscalizadores e as próprias comunidades próximas às fábricas da Fibria no Brasil.

De acordo com a consultoria, os esforços da Fibria para incorporar seu investimento socioambiental à sua estratégia de negócio fazem parte de um movimento de empresas líderes globais, que estão começando a reconhecer a ligação entre o seu sucesso financeiro e a prosperidade da sociedade. Para a FSG, essa correlação, conhecida como valor compartilhado, aumenta a competitividade de uma empresa, ao mesmo tempo em que melhoram as condições econômicas e socioambientais das comunidades onde estão presentes.

Ao longo de sua trajetória, a Fibria tem desenvolvido programas e iniciativas para criar valor em conjunto com a sociedade. O Programa de Desenvolvimento Rural Territorial (PDRT) é um deles e surgiu para contribuir com o desenvolvimento das associações de agricultores locais. O Programa foi criado para fomentar o desenvolvimento local. Em 2009, o furto de madeira representou para a Fibria a perda de 650.000 metros cúbicos de eucalipto (cerca de R$ 50 milhões), e criou tensões com as comunidades vizinhas. Isso acontecia por causa da falta de alternativas econômicas.

Cláudio Olímpio, morador da comunidade Espora Gato, na Bahia, é uma das pessoas beneficiadas atualmente pelo PDRT. “Dissemos, ‘tragam de volta para nós o trabalho dos nossos avós, a agricultura’”. Graças ao Programa, “abandonamos o carvão e começamos a trabalhar na agricultura”, completa Olímpio.

Assim como para a comunidade, os resultados para a Fibria são claros. Em 2016, o PDRT estava presente em mais de 50 comunidades e o furto de madeira havia caído 90% em comparação com os níveis de 2009. “Vimos uma oportunidade de reestruturar o relacionamento entre a empresa e a comunidade. Conversamos, cedemos de lado a lado e construímos uma solução conjunta”, diz Marcelo Castelli, presidente da Fibria.

Atualmente, o PDRT inclui aproximadamente 5.000 famílias. Hoje, a média de renda mensal dessas famílias é de R$ 4.700. A atuação do Programa é diferente para as comunidades do entorno de cada uma das três fábricas da Fibria, localizadas em Jacareí (SP), Aracruz (ES) e Três Lagoas (MS). “Não temos uma receita de bolo, não levamos nada pronto. As realidades e as necessidades dessas populações são diferentes. São eles que nos ajudam a co-criar, a encontrar as melhores alternativas”, diz Malu Pinto e Paiva, diretora de Sustentabilidade, Comunicação e Relações Corporativas da Fibria.

Outro programa da companhia que faz parte de suas iniciativas de valor compartilhado é o Poupança Florestal, que auxilia agricultores a cultivar eucalipto em suas propriedades como uma forma de diversificação de cultura e renda. Muitos moradores locais tiveram grandes transformações em suas vidas, como Florisberto José dos Santos, de Itaúnas, no município de Conceição da Barra, no Espírito Santo. “Graças ao eucalipto, hoje tenho uma casa e aumentei a minha propriedade”, diz ele.

O Programa Poupança Florestal também tem um importante papel na conservação e recuperação ambiental. A Fibria exige que os fomentados estejam em conformidade com o Código Florestal Brasileiro em toda a extensão da propriedade. Além disso, a empresa fornece assistência técnica relativa a técnicas de manejo sustentável da terra, indo além das exigências legais.

Além de aumentar seu impacto social e ambiental, o Programa se tornou uma importante fonte de abastecimento de madeira para a Fibria na produção de celulose. Apesar de o Poupança Florestal ter começado com o objetivo de atender 5% das necessidades de madeira da fábrica de Aracruz, sua contribuição cresceu para uma média de 20% desse abastecimento. Atualmente, 2.000 famílias participam do Programa. Em 2016, a Fibria economizou mais de R$ 100 milhões ao integrar os agricultores em sua cadeia de abastecimento. “Os agricultores locais fazem parte da nossa cadeia de suprimentos. Não conseguimos prosperar sem eles”, diz Carlos Alberto Nassur, gerente geral Florestal de Aracruz.

“Estamos muito orgulhosos do que conquistamos com as nossas iniciativas de valor compartilhado”, ressalta Castelli. “Conseguimos promover a melhoria na vida de centenas de famílias e também para o meio ambiente e, com isso, tornamos a nossa companhia mais rentável. E sei que este é apenas o começo. Há muito ainda o que ser feito”, completa.

“Empresas brasileiras podem aprender muito a partir do exemplo da Fibria”, explica Dane Smith, diretor da FSG. “Há inúmeras oportunidades para as companhias do país aumentarem sua competitividade e lucratividade ao buscar soluções para resolver problemas como a fome, pobreza, educação de baixa qualidade e outros. Essas são estratégias de valor compartilhado e as empresas brasileiras precisam aprender como desenvolvê-las”, conclui Smith.