Por Stella Fontes, Valor — São Paulo
27/11/2022
Joint venture entre Suzano e Stora Enso, a Veracel investiu cerca de R$ 20 milhões, neste ano, em 100 projetos que deram corpo à estratégia de transformação digital que contribui para que a fábrica de celulose em Eunápolis (BA) siga como ativo de classe mundial, em termos de eficiência, apesar dos quase 20 anos de operação.
Para 2023, a previsão é de mais R$ 5 milhões em investimentos nesse pacote, que visa a otimizar recursos a partir do uso de tecnologias que combinam inteligência artificial, coleta de dados e mobilidade, desde as operações florestais e industrial até o setor administrativo.
Embora haja espaço para futura expansão de capacidade, o foco por enquanto, segundo o diretor-presidente, Caio Zanardo, está na proteção do ativo atual. “Ter maior controle sobre as operações tem nos mostrado caminhos que não estavam visíveis e vemos oportunidades para mais captura de ganhos”, diz o executivo.
Um dos principais indicadores no processo de produção de celulose, o custo caixa da Veracel tem recuado também por causa desses projetos. Somente com a melhoria no forno de cal e substituição do gás natural como combustível, houve um ganho de quase R$ 8 por tonelada de celulose. O custo caixa da Veracel está consolidado nos números de suas acionistas e não é público.
Em 2022, a produção de celulose de eucalipto da Veracel deve ficar acima da capacidade nominal de 1,1 milhão de toneladas.
A implementação da estratégia acabou se mostrando ainda mais oportuna neste ano diante da escalada dos custos, em particular do gás natural e outros energéticos, e da inflação. “Com esses projetos, conseguimos mitigar parte da pressão”, conta Zanardo.
Em uma das iniciativas de transformação digital, a Veracel instalou 1,2 mil sensores em toda a fábrica, para coletar informações em tempo real sobre as operações e antecipar eventuais intercorrências. O monitoramento on-line é feito a partir de uma sala central de confiabilidade e traz previsibilidade, conta o executivo.
Na área florestal, a adoção de novas tecnologias possibilitou um aumento de 30% nas horas de colheita por meio de ganhos de eficiência. No viveiro de mudas, o uso de inteligência artificial e “big data” resultaram em 18% de melhoria de produtividade.
Conforme o executivo, a companhia também tem avaliado oportunidades para geração e venda de energia e buscado entender quais são seus potenciais novos mercados, como por exemplo o de créditos de carbono. Com 24 anos e mais de 6 mil hectares de florestas nativas preservadas, a Estação Veracel é a maior reserva particular do patrimônio natural de Mata Atlântica no Nordeste.
Um dos principais projetos da Veracel em curso neste momento é o de implantação de uma nova rodovia, a BA-658, e construção de uma nova ponte sobre o rio Jequitinhonha, mediante investimentos de R$ 95 milhões.