A etapa piloto da Caravana ILPF passou pelo norte do Espírito Santo e sul da Bahia entre os dias 4 e 8 de abril. Técnicos da Rede ILPF e pesquisadores da Embrapa participaram de dias de campo, visitas técnicas e institucionais a propriedades rurais, instituições de ensino e diversos segmentos do agronegócio, levando informações sobre sistemas ILPF no Brasil e conhecendo a realidade regional. Cerca de 600 pessoas participaram desta primeira etapa. Entre elas, técnicos da Suzano, da Veracel e da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF).

Entre as ações da Caravana, o diretor executivo da ABAF, Wilson Andrade, participou da mesa redonda “Como fomentar a adoção da ILPF no Espírito Santo?”, em 4/4, com Franco Fioroti (Secretário de Agricultura, Aquicultura, Pecuária e Abastecimento de Linhares/ES); Renato Rodrigues (Presidente do Conselho Gestor da Associação Rede ILPF e Pesquisador na Embrapa Solos); e Erich C. de Lima Andrade (Coordenador de Negócios Florestais – Suzano).

O diretor executivo da ABAF representou o setor florestal baiano, juntamente com o coordenador do Programa Ambiente Florestal Sustentável (PAFS), Paulo Andrade. Ambos aproveitaram a semana de atividades para visitar a empresa Placas do Brasil, onde foram recebidos por Rodrigo Sander, gerente de suprimentos, logística e florestal, e por Luiz Thiago Guimarães dos Santos, líder florestal. A Placas do Brasil é uma empresa capixaba, especialista na produção e comercialização de painéis de MDF oriundos de florestas de eucalipto 100% renováveis.

Caravana ILPF

“As regiões do norte do Espírito Santo e extremo Sul da Bahia possuem grande potencial para implantação de sistemas ILPF. As condições de clima e relevo destas regiões são bastante similares às outras áreas de Mata Atlântica encontradas no Brasil, sobretudo nas áreas de morros, onde os sistemas de integração pecuária com floresta já praticados em outras regiões deste bioma podem representar uma excelente alternativa para replicação local, com objetivo de aumentar a produtividade e renda dos produtores rurais”, explica Renato Rodrigues.

“Nos interessa eventos como este que contribuem para que o setor florestal se expanda e se desenvolva sobre bases sustentáveis. Trabalhamos por mais florestas, mais empresas, mais fornecedores, mais serviços e produtos florestais. O tema do evento também é interessante porque está em sintonia com os conteúdos trabalhados por nós. A ABAF, em nome das associadas, desenvolve ações de impacto econômico, social e ambiental, a exemplo dos Dias de Campo do Programa Mais Árvores Bahia realizados em parceria com a CNA e do Programa Ambiente Florestal Sustentável (PAFS). Também por meio do PAFS, buscamos promover a diversificação e sustentabilidade das atividades rurais. O trabalho ainda se dá para a inclusão dos pequenos e médios produtores e processadores de madeira no setor – e seu uso múltiplo – para melhor atender a população, além de gerar emprego e renda”, declara o diretor da ABAF.

A fazenda Três Marias no município de Linhares (ES) sediou o primeiro dia de Campo da Caravana ILPF. A proprietária Letícia Lindenberg está preparando a propriedade para receber a tecnologia em parceria com a Suzano. “Serão 650 ha de ILPF, 30% de florestas e 70% com pecuária e cultivo de grãos, este projeto nos dará possibilidade de dobrar o ganho sobre o uso da terra”, garante Letícia.

Walter Carvalho, produtor rural de Teixeira de Freitas (BA), recebeu a visita dos técnicos e pesquisadores, apresentou a fazenda Primavera, onde implantou o sistema IPF há seis anos e garante que já vê resultados: “Houve ganhos no bem-estar animal, percebemos diferença na reprodução e ganho de peso”, garante ele.

A Caravana ILPF é uma expedição técnica e científica, composta por técnicos da Rede ILPF e pesquisadores da Embrapa, que vai percorrer o país durante este e o próximo ano, levando informações sobre sistemas de Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) por 10 estados brasileiros. A próxima etapa deve ser em agosto, em Mato Grosso do Sul.

A ILPF é uma tecnologia de produção agropecuária com grande potencial de mitigação de emissões de gases de efeito estufa e sequestro de carbono pelo solo e biomassa, além de uma série de outros benefícios socioambientais e econômicos. A implementação dos sistemas ILPF variam de acordo com as características de cada região.

Para o pesquisador da Embrapa Pedro Machado, a oportunidade da Caravana é aproximar as pontas e as instituições e os produtores rurais. ‘É muito importante conhecermos a realidade para podermos apresentar soluções e mostrar que na região existem instituições e profissionais capacitados para dar esse suporte.”

Metas – Segundo estimativas da Rede ILPF para a safra 2020/2021, a área ocupada com os sistemas ILPF no Brasil corresponde a 18 milhões de hectares. A Rede ILPF tem o propósito de ampliar essa área para 35 milhões de hectares até 2030, além de diversificar os sistemas de produção e aumentar a representatividade do componente florestal nesses sistemas. Dessa forma, a ILPF irá contribuir para o alcance das metas apresentadas pelo Brasil em sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) ao Acordo de Paris durante a COP-21 e reforçadas pelo Programa ABC+ do MAPA e os compromissos assumidos na COP-26.

Para Isabel Ferreira, diretora executiva da Rede ILPF, a importância da Caravana é criar uma estratégia de aproximação da Rede ILPF com o setor produtivo em diferentes regiões do país, levando conhecimento técnico e realizando ações de transferência de tecnologia (dias de campo, palestras e mesas redondas) através da Embrapa e das empresas associadas da Rede ILPF, em conjunto com as instituições apoiadoras da Caravana em cada região, permitindo ainda o contato mais próximo com o homem do campo para troca de conhecimentos e informações sobre a ILPF.

A Associação Rede ILPF é formada e cofinanciada pelas empresas Bradesco, Ceptis, Cocamar, John Deere, Soesp, Syngenta e pela Embrapa e tem como propósito contribuir para o aumento da produtividade de forma sustentável no campo. Apoia uma rede com 16 Unidades de Referência Tecnológica e 12 Unidades de Referência Tecnológica e de Pesquisa, distribuídas entre os biomas brasileiros e envolvendo a participação de 22 Unidades de Pesquisa da Embrapa.

PAFS – Trabalha diversos temas: Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF); Uso Múltiplo da Floresta Plantada/Programa Mais Árvores Bahia; Regulamentação Ambiental das Propriedades Rurais; Preservação dos Recursos Hídricos; Prevenção e Controle de Incêndios Florestais; Controle de Gado nas Áreas de Preservação; Combate ao Carvão Ilegal; e Programa Fitossanitário de Pragas. Desde sua criação, as equipes do PAFS já percorreram mais de 380 mil quilômetros, realizaram 278 treinamentos em 234 comunidades, orientaram mais de 12 mil estudantes e produtores rurais de frutas, eucalipto, café, entre outras culturas e visitaram mais de 1.400 propriedades rurais no Sul e Extremo Sul da Bahia. O resultado tem sido positivo graças às parcerias feitas com o Governo do Estado, através da Secretaria da Agricultura (Seagri) e ADAB; Sindicatos Rurais da FAEB/Senar; Associação de Produtores de Café, Frutas, Pecuária; e Prefeituras, através de suas secretarias de agricultura e meio ambiente.

 

A ABAF representa as empresas de base florestal do estado, assim como os seus fornecedores. Essa pluralidade dá à associação a possibilidade de planejar e agir com respaldo nos mais variados âmbitos e em horizontes largos. A ABAF fomenta a pesquisa, investe na tabulação de dados, a exemplo do relatório Bahia Florestal. A indústria de base florestal usa a madeira como matéria-prima, com destaque para a produção de celulose, celulose solúvel, papel, ferro liga, madeira tratada, energia, carvão vegetal e lenha para o processamento de grãos. A madeira utilizada é plantada e é matéria-prima renovável, reciclável e amigável ao meio ambiente, à biodiversidade e à vida humana. Associados: Bracell, Caravelas Florestal, ERB, Ferbasa, Floryl, JSL, Komatsu, Proden, Suzano, Venturoli, Veracel e 2Tree. Coopera com quatro regionais – Aiba, Aspex, Assosil, Sineflor – nos principais polos produtores do estado; as quais vinculam pequenos e médios produtores e processadores de madeira locais.