Celulose

No Brasil, as duas principais fontes de madeira utilizadas para a produção de celulose são as árvores plantadas de pinus e de eucalipto, responsáveis por mais de 98% do volume produzido. A celulose também pode ser obtida de outros tipos de plantas, não-madeiras, como bambu, babaçu, sisal e resíduos agrícolas (bagaço de cana-de-açúcar). O País ocupa o quarto lugar no ranking dos países produtores de celulose de todos os tipos e como primeiro produtor mundial de celulose de eucalipto.

Após o cultivo, crescimento e colheita das árvores plantadas, a madeira é descascada e picada em pequenos pedaços, chamados cavacos. Em seguida, os cavacos são selecionados para remoção de lascas e serragens e, depois, submetidos a processos mecânicos e químicos para a produção da celulose.

Na primeira etapa desse processo, os cavacos são submetidos a um cozimento, em um equipamento chamado digestor, com a utilização de água, produtos químicos, pressão e temperaturas da ordem de 150ºC. O objetivo é separar as fibras de celulose da lignina – substância que une essas fibras, aumentando a rigidez da parede celular vegetal, e que constitui, juntamente com a celulose, a maior parte da madeira das árvores e arbustos.

Depois da separação, as fibras celulósicas formam uma pasta marrom que, na próxima etapa, passa por uma série de processos e reações químicas, responsáveis por depurar, lavar e branquear essa polpa até a alvura desejada.

Após essas etapas, a celulose seguirá, basicamente, dois caminhos distintos:

1 – Será bombeada para uma máquina de papel – no caso de fábricas integradas (que têm base florestal e produzem celulose e papel);

2 – Passará por um processo de secagem e será estocada em fardos, para posterior comercialização para fábricas de papel, como celulose de mercado.

A lignina, após a separação das fibras, não é descartada. Ela passa por outro processo que gera energia e, ao mesmo tempo, recupera os reagentes químicos usados no cozimento.

Tipos e Aplicações

Dois tipos de celulose, com diferentes características físicas e químicas, são utilizados na produção de papel.

Fibra longa – A celulose de fibra longa, originária de espécies coníferas como o pinus – plantada no Brasil, tem comprimento entre dois e cinco milímetros. É utilizada na fabricação de papéis que demandam mais resistência, como os de embalagens, e nas camadas internas do papelcartão, além do papel jornal.

Fibra curta – A celulose de fibra curta, com 0,5 a dois milímetros de comprimento, deriva principalmente do eucalipto. Essas fibras são ideais para a produção de papéis como os de imprimir, escrever e de fins sanitários (papel higiênico, toalhas de papel, guardanapos). As fibras do eucalipto também compõem papéis especiais, entre outros itens. Elas têm menor resistência, com alta maciez e boa absorção.

Produção sustentável

Diferentemente de outros setores da economia nacional, o setor de árvores plantadas gera a maior parte da energia que demanda. Em 2014, foram produzidos, a partir de energia limpa, 64,3 milhões de gigajoules, o que representa 67% do consumo energético do setor. Além disso, os projetos de celulose mais modernos, além de serem autossuficientes em energia, geram grandes excedentes para comercialização, na ordem de 100-200 MW, equivalentes a uma hidroelétrica de médio porte.

Ampliar a eficiência energética dos processos e adotar fontes renováveis para geração de energia são duas das principais preocupações do setor de árvores plantadas. Nesse sentido, as indústrias do setor utilizam para geração de energia térmica e elétrica quase exclusivamente subprodutos de seus processos, principalmente biomassa florestal e licor preto (o licor preto é um subproduto do processo de produção de celulose).

(Fonte: Ibá)