Por Wilson Andrade* (20/04/13)

 

Em 2012, a notícia que o planeta Terra alcançou a marca de 7 bilhões de habitantes ocupou as manchetes e acendeu a luz de alerta. Seremos 9 bilhões em 2050, e, para manter tal população, precisamos nada mais nada menos que o dobro de alimentos que produzimos hoje. Aumentar a produção é imperativo. Difícil é fazê-lo em bases ambientalmente sustentáveis. A boa notícia é que a pesquisa científica tem feito grandes progressos no desenvolvimento de tecnologias para aumentar a produtividade. Ou seja, para produzir mais, em menos espaços e impactando minimamente o meio ambiente. Mas, creio eu, é na “técnica” que reside parte da resposta desse desafio.

 

Técnica vem do grego technè, e está relacionada à arte, ao procedimento. Se o desenvolvimento de novas cultivares adaptadas a uma região, ou de máquinas mais eficientes, é a tecnologia, a técnica é o “como fazer”. O fazer do jeito certo tem dado mostras de grande de sucesso. Basta uma checada nos recordes mundiais que o país tem alcançado na produção de algodão, soja, milho e florestas plantadas. No caso destas, enquanto no Brasil se colhe em torno de 40 metros cúbicos por hectare ao ano – sendo que em algumas regiões da Bahia chega-se a 60 metros cúbicos/ ha anuais – o Chile e a China, importantes produtores, colhem a metade da nossa média nacional. A adoção de tecnologias modernas e técnicas corretas responde por estes índices.

 

A técnica está, por exemplo, no Plantio Direto e no chamado Sistema de Integração Lavoura Pecuária e Floresta. Neste último, atividades simultâneas ou alternadas, baseadas em uma relação inteligente e simbiótica entre as culturas. O sistema integrado permite que os insumos aplicados na lavoura em uma safra sejam a base de um bom pasto na outra, otimiza a gestão da mão-de-obra, reduz custos e ainda promove uma valiosa compensação entre emissões e sequestro de carbono, sobretudo quando agregam florestas (sistema agrosilvopastoril). É a emissão da pecuária sendo compensada pelo sequestro acelerado de carbono promovido pelas florestas plantadas.

 

Todas essas técnicas fazem parte de um conceito maior chamado Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que hoje vem sendo fomentado inclusive pelas instituições de crédito, como o Banco do Brasil. É um salto quântico se comparado ao que estas mesmas instituições faziam no passado: só liberavam crédito para atividades específicas em áreas específicas, gerando com isso a mais nociva das práticas da agricultura, que é a monocultura. O sistema ABC traz consigo o que o Brasil tem de melhor: a diversidade. É baseado em uma relação “ganha-ganha-ganha” para a agricultura, as florestas e a pecuária, mas, sobretudo, para a natureza e o homem. Precisamos evoluir nisso. Afinal, 2050 é logo ali.

 

* Wilson Andrade é Economista e diretor executivo da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal – Abaf