programacaoNos próximos dias 25 e 26/11 acontece em Teixeira de Freitas (BA) a Capacitação de Líderes no Monitoramento, Controle e Fiscalização da Lagarta Parda no Sul e Extremo Sul da Bahia (ver programação completa abaixo). Este é o primeiro treinamento técnico realizado pelo Programa Fitossanitário de Controle da Lagarta Parda – lançado em outubro pela Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), Secretaria da Agricultura (Seagri-BA), Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF) e entidades parceiras.

O evento será realizado no auditório da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) e conta com o palestrante Carlos F. Wilcken – Doutor do Departamento de Produção Vegetal da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), que vai falar sobre a biologia da praga; monitoramento e controle; e sobre manejo integrado da praga. Além do professor, técnicos de empresas que atuam no controle de pragas participam do segundo dia do evento.

Ocorrências – Essa iniciativa veio após a constatação de que nos últimos meses, os plantios de eucalipto, café e de outras culturas localizados no Sul e Extremo Sul da Bahia têm sofrido com o ataque de lagartas, com predomínio da espécie lagarta parda Thyrinteina arnobia, responsável pelo desfolhamento de plantas. Este inseto é nativo, com presença já registrada ao longo dos anos em 14 estados brasileiros. Especialistas acreditam que mudanças no clima e desaparecimento de inimigos naturais podem estar favorecendo o aumento momentâneo da população deste inseto.

As lagartas – e as mariposas que elas se transformam – ficam normalmente nas áreas de cultivo. Uma das possíveis causas da presença dos insetos nas áreas urbanas é a forte atração que a luminosidade exerce sobre as mariposas. A atração pela luz é, inclusive, utilizada no controle de surtos esporádicos desses insetos por meio da instalação de armadilhas luminosas que atraem e apreendem as mariposas.

De acordo com o professor do Departamento de Ciências Ambientais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Pedro José Ferreira Filho, esta espécie não causa dano ao homem. “As lagartas não são urticantes e as mariposas, que perdem escamas naturalmente, não liberam pó tóxico”, explica.

“As lagartas estão entre as principais pragas que atingem os plantios de eucalipto. São 110 espécies nativas do Brasil. Picos populacionais da praga geralmente estão associadas aos eventos que deflagrem algum tipo de desequilíbrio ambiental. Em nosso cenário, possivelmente, os aspectos climáticos contribuíram. Essa praga é um problema de interesse nacional, das empresas e do Estado, devido à importância econômica da atividade tanto para a região, como também pela sua participação na pauta de exportação da Bahia”, explica o diretor geral da ADAB, Oziel Oliveira.

Ação – O controle à praga de lagartas nos plantios de eucalipto está sendo realizado com o inseticida biológico à base de Bacillus thuringiensis. Trata-se de um produto biológico, de ocorrência natural, que controla de maneira eficaz as lagartas desfolhadoras. O produto é específico para lagartas, ou seja, não oferece risco à saúde do homem e animais. O mecanismo de ação do B. thuringiensis se dá através da liberação de toxina no sistema digestivo alcalino das lagartas e é inofensivo a todos os demais organismos, inclusive aos pássaros que se alimentam das lagartas mortas e aos insetos, como as abelhas.

Também não causam efeito de dispersão dos insetos para outros locais fora das áreas de controle. Além disso, preserva os inimigos naturais da praga, permitindo o estabelecimento do equilíbrio natural, assim que rompido o ciclo do surto atual. O produto (que é utilizado há mais de 70 anos) pode ser pulverizado de forma terrestre ou aérea e deve ser realizado sob rigoroso monitoramento de técnicos e de empresas especializadas.

Isso demonstra as práticas responsáveis das empresas para com o manejo florestal, preservação ambiental e respeito às comunidades circunvizinhas às suas operações. Estas iniciativas estão em linha com os padrões normativos internacionais, que orientam o uso racionalizado e previamente autorizado de produtos químicos. “As empresas de base florestal estão unindo esforços a outras instituições de pesquisa, extensão e de produtores rurais para buscar soluções coletivas que possam fazer frente ao risco de aumento desta ameaça à produtividade da agricultura na região”, informa Wilson Andrade, diretor executivo da ABAF.

PROGRAMAÇÃO

Dia: 25/11
Local: CEPLAC – R. Manaus, 337 – Bela Vista, Teixeira de Freitas – BA. Tel: (73) 3291-2413

13h00 – Apresentação do Programa Fitossanitário da Lagarta Parda
Epaminondas Peixoto (ADAB) e Paulo Roberto Oliveira de Andrade (CTR)

14h00 – Biologia da praga – Prof. Carlos F. Wilcken
* Identificação da praga no campo / diferentes estágios
* Identificação dos danos
* Identificação da necessidade de controle

15h00 – Monitoramento e controle – Prof. Carlos F. Wilcken
* Metodologias de Monitoramento da Praga
* Estratégias de Controle: Produto X Estagio da Praga
* Estratégias de Controle: Formas de Aplicação X Cultura X Infestação

16h00 – Aberto para discussões

16h30 – Manejo integrado da praga – Prof. Carlos F. Wilcken
* Modelo de Manejo Integrado da lagarta adotado pelas empresas florestais
* Conhecimento Técnico da ação de produtos biológicos
* Conhecimento Técnico da ação de inimigos naturais

17h30 – Aberto para discussões
18h30 – Encerramento

Dia 26/11
Manhã de Campo – Fazenda Suzano (TF) e transporte (a definir)

08h00 – Rodrigo B. Rodrigues – Sumitomo Chemical do Brasil
DIPel: Aspectos técnicos e uso no controle biológico da lagarta parda

08h20 – Bianca Vique Fernandes – JB Biotecnologia
Os inimigos naturais no controle biológico da lagarta parda

08h40 – Tarsis Camil – Polo Agrícola
Medidas sustentáveis no controle da lagarta parda

09h00 – Nelson Sanches – Equilíbrio Florestal
Monitoramento de lagartas desfolhadoras na Fibria e Veracel

09h20 – Vinícius Oliveira Costa – Suzano
Visualização da praga em caixa entomológica

09h40 – Resumo do conteúdo teórico e prático apresentados (aberto para discussões) – Prof. Carlos F. Wilcken

12h30 – Encerramento