“Negócios internacionais, agricultura e desenvolvimento: a ação das Nações Unidas no estado da Bahia” foi o tema do evento realizado na manhã de 13/11/, pelo curso de Relações Internacionais da Unijorge com instituições parceiras, no auditório Zélia Gattai, campus Paralela. O objetivo foi discutir as ações promovidas pelas Nações Unidas para o desenvolvimento agrícola baiano. Entre os palestrantes, Wilson Andrade – diretor executivo da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF) e membro do Comitê Consultivo (CC) do Fundo Comum de Commodities (CFC) da Organização das Nações Unidas (ONU) – que falou sobre “O Comitê Consultivo do Fundo Comum de Commodities da Organização das Nações Unidas e suas ações internacionais junto à Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO)”.

No mesmo evento, Fabiana Viterbo – gestora do Semear, programa do Fundo de Desenvolvimento Agrícola das Nações Unidas (Fida) – abordou  “O trabalho do Fida no Brasil: apoio aos Estados do Nordeste no combate à pobreza rural e panorama sobre a gestão do conhecimento do programa Semear Internacional na região do Semiárido nordestino”. A iniciativa é promovida pelo curso de Relações Internacionais da Unijorge com instituições parceiras. As palestras foram gratuitas, abertas ao público externo.

Matheus Souza, coordenador do curso de Relações Internacionais da Unijorge, afirma que a iniciativa atende a uma lógica consolidada pelo curso, que é a de promover discussões de relevância para a sociedade. “Acreditamos que o papel da instituição de ensino vai além da formação de bons profissionais e cidadãos, e discussões como esta demonstram que nossa instituição quer contribuir para fomentar o acesso, pela sociedade, ao conhecimento nas diversas áreas que englobam a internacionalização”. O evento contou com a parceria do Programa SEMEAR Internacional, Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) das Nações Unidas, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) – vinculado à Organização dos Estados Americanos (OEA), Associação Baiana das Empresas de Base Florestal – ABAF, Sindifibras e Comissão de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Associação Comercial da Bahia – Comex-ABC

Andrade explica que o Comitê Consultivo (CC) do CFC tem como missão apoiar projetos de desenvolvimento integral de commodities em países em desenvolvimento. Entre 2012 e 2015, o CFC aprovou 348 projetos no valor total de US$ 600 milhões atendendo demandas, inclusive do Brasil, de madeira, algodão, gado, juta, sisal, cacau, café, couro, batata, caju, chá, frutas, peixe, mel, milho, flores, bambu e leite. Os projetos devem ser financeiramente sustentáveis, escaláveis e com amplo impacto no desenvolvimento das partes interessadas nas cadeias de valor das commodities. Devem criar emprego, especialmente para jovens e mulheres; aumentar a renda familiar; reduzir a pobreza; melhorar a segurança alimentar e criar colaboração efetiva e econômica entre produtores, indústrias, governos, organizações da sociedade civil e outros interessados no desenvolvimento baseado em commodities.

“A Bahia e o Brasil precisam se internacionalizar mais. O Brasil, por exemplo, participa com apenas 1% das exportações mundiais. E este esforço não pode ser só do Governo. Na participação do CC, temos a possibilidade de trazer informações importantes para o Brasil e, com isso, estarmos mais perto das oportunidades. E não apenas pela possibilidade de atração de financiamento, mas pela proximidade com outros fundos da ONU e de países-membros nas áreas sociais, ambientais e econômicas. Além disso, podemos levar a possíveis interessados as demandas da área do agronegócio – o setor que mais ajuda o Brasil a crescer”, explica o empresário.

O setor florestal

Dando destaque para um dos mais competitivos e promissores segmentos do agronegócio da Bahia (e Brasil), o florestal, Wilson Andrade informa que o setor se coloca mais uma vez em primeiro lugar no montante das exportações da Bahia. De acordo com dados disponibilizados pela Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), a Bahia exportou U$S 6.8 bilhões em 2016. O setor florestal teve participação de 18%, com U$S 1,2 bilhão. Na sequência, outros setores importantes como o de Química e Petroquímica, com 13% (U$S 880 milhões); o setor de Cobre e outros Metais com 12% (U$S 816 milhões) e o de Produtos do Agronegócio com 11,4% (U$S 780 milhões). Os dados disponibilizados pela FIEB mostram ainda que as exportações da Bahia em 2016 tiveram uma redução de 14% em relação ao ano de 2015.

O diretor executivo da ABAF informa ainda que o setor de base florestal continua com possibilidade de crescimento em termos de exportações e investimentos. “Isso ocorre porque o setor recebe alavancagem de cinco diferentes setores que utilizam madeira plantada em seus processos produtivos: papel e celulose; construção civil; mineração; energia de biomassa; e painéis, pisos e laminados. Estes setores terão recuperação com a expectativa de volta do crescimento do Brasil. E a indústria de energia de biomassa de eucalipto é também a que tem mais a contribuir para a diversificação da matriz energética do estado, atendendo a demanda das regiões mais distantes”.

Árvores plantadas são cultivadas atendendo a planos de manejo sustentável que tem como objetivo reduzir os impactos ambientais e promover o desenvolvimento econômico e social das comunidades vizinhas. Plantadas para evitar a pressão e degradação de ecossistemas naturais, as florestas contribuem ainda para o fornecimento de biomassa florestal, lenha e carvão de origem vegetal. Os plantios de árvores desempenham importante papel na prestação de serviços ambientais: evitam o desmatamento de hábitats naturais, protegendo assim a biodiversidade; preservam o solo e as nascentes de rios; recuperam áreas degradadas; são fontes de energia renovável e contribuem para a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa por serem estoques naturais de carbono.

“Tudo isso também nos coloca em vantagem, inclusive, no que diz respeito ao Acordo de Paris. Por ele, o Brasil compromete-se a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, até 2025, com uma contribuição indicativa subsequente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% abaixo dos níveis de 2005, até 2030. Para isso, o país se compromete a aumentar a participação de bioenergia sustentável na sua matriz energética para aproximadamente 18% até 2030, restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas, bem como alcançar uma participação estimada de 45% de energias renováveis na composição da matriz energética em 2030”, informa Andrade.

A ABAF e o setor de base florestal – A indústria de base florestal usa a madeira como matéria-prima, com destaque para a produção de celulose, celulose solúvel, papel, ferro liga, madeira tratada, carvão vegetal e lenha para o processamento de grãos. A madeira utilizada é plantada e é matéria-prima renovável, reciclável e amigável ao meio ambiente, à biodiversidade e à vida humana. A ABAF representa as empresas de base florestal do estado, assim como os seus fornecedores, e tem como meta primeira contribuir para que o setor que representa se desenvolva sobre bases sustentáveis. Atualmente tem como associados: Aepes, Aiba, Aspex, Assosil, BSC, Caravelas Florestas, ERB, Ferbasa, Fibria, Floryl, JSL, Komatsu, Lyptus, Papaiz, Ponsse, Proden, Sineflor, Stora Enso, Suzano, Veracel e 2Tree.

Wilson Andrade – Diretor Executivo da ABAF. Sócio controlador da Thoro International, com atividades de trading e investimentos em geral e consultoria nas áreas de recuperação de empresas e implantação de projetos pioneiros para a iniciativa privada e organizações governamentais. Na área internacional, prestou serviços de consultoria para a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), e é Professor de Economia Internacional e Comércio Exterior. Outros cargos: Cônsul Honorário da Finlândia na Bahia e em Sergipe; Presidente da INFO (International Natural Fibres Organization); Vice-Presidente do Grupo Intergovernamental de Fibras da FAO; Fundador e Membro da Câmara Setorial de Fibras Naturais no Ministério de Agricultura; Ex-Presidente e Membro Permanente do Conselho Diretor da Associação Comercial da Bahia; Presidente da Bolsa de Mercadorias da Bahia; Conselheiro da Federação das Indústrias do Estado da Bahia; Presidente do Sindifibras; Membro da Coalisão Empresarial Brasileira.