A Veracel Celulose, empresa localizada na região da Costa do Descobrimento, na Bahia, realiza o monitoramento ambiental de quelônios marinhos no entorno do Terminal Marítimo de Belmonte (TMB) há mais de 15 anos. Em setembro de 2020 foi iniciada a 15ª campanha de monitoramento da alta temporada de tartarugas marinhas que se estenderá até abril de 2021.

Para Tarciso Matos, coordenador de meio ambiente e licenciamento da Veracel os resultados do monitoramento ambiental ajudam a Veracel a minimizar as possíveis interferências do Terminal Marítimo sobre as desovas e eclosões das tartarugas marinhas. “Medidas de controle operacional,  modificações estruturais nas instalações do Terminal, tais como as realizadas no projeto de iluminação, adequações na iluminação das embarcações, monitoramento periódico da luminosidade das praias, ações de educação ambiental para os colaboradores e vizinhos sobre a importância da preservação da espécie, liberação e controle do acesso de máquinas à praia, entre outras. Esses são alguns dos benefícios ambientais trazidos pelo programa para a operação do Terminal”, destaca Matos.

De acordo com o coordenador, está em andamento o licenciamento ambiental no INEMA para a instalação de um Centro de Reabilitação de Quelônios marinhos no TMB. Esse Centro servirá para receber tartarugas debilitadas e com necessidades de tratamento veterinário, mas também poderão receber carcaças em bom estado de conservação para a realização de necropsias com o objetivo de diagnosticar a causa da morte da tartaruga. Esse será o primeiro Centro especializado do Extremo Sul da Bahia e tem previsão para entrar em operação em 2021.

Os meses de setembro a abril representam o período reprodutivo de tartarugas marinhas na costa brasileira. No entanto, o monitoramento é realizado o ano todo. De acordo com Wilson Meirelles, coordenador da CTA, empresa especializada que executa o programa de monitoramento de quelônios marinhos, a equipe de monitoramento se reveza para cobrir 35 km de praia. São realizados flagrantes de fêmeas subindo para desovar, o registro e proteção de ninhos de tartarugas. Na última temporada foram percorridos mais de 3.000 km de praia pela equipe, foram registradas 413 subidas de tartarugas na praia na tentativa de desovar, que resultaram em 325 ninhos com desova e no final 19.491 filhotes foram para o mar. Wilson explica que esses números estão dentro da faixa de variação encontrada ao longo das temporadas monitoradas. “A variação do número de desova entre as temporadas pode estar associada ao comportamento reprodutivo das fêmeas. Apesar da fidelidade ao local de reprodução, as tartarugas não desovam todos os anos, mas sim a cada dois ou três”, explica Meireles.

Na última temporada foram encontrados 28 encalhes de tartarugas marinhas na região do monitoramento. Wilson conta que cerca de 95% das ocorrências foram da espécie Chelonia mydas, popularmente conhecida como tartaruga-verde, na fase de vida juvenil, sendo esta, a única espécie registrada para a costa brasileira que desova majoritariamente em ilhas oceânicas. A maioria dos encalhes de tartarugas mortas chegam à praia em um estágio de decomposição que não permite a determinação da causa morte. Posteriormente, com a operação do Centro de Reabilitação de Quelônios Marinhos do TMB será possível determinar as causas da morte de parte desses encalhes.