A Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF) acaba de entregar o Bahia Florestal 2017 – relatório que mostra um panorama completo da cadeia produtiva de base florestal no estado da Bahia (e com referências ao Brasil). O documento foi feito com a cooperação das empresas (e associações de produtores) associadas à ABAF e teve dados compilados pela STCP Engenharia de Projetos Ltda.

“Dentre os principais setores econômicos da Bahia, destaca-se o setor de base florestal que tem alavancagem de diversos outros segmentos que demandam madeira nos seus processos produtivos, a exemplo da construção civil, da indústria de papel e celulose, a metalúrgica, energia de biomassa, a secagem de grãos do agronegócio, madeira e móveis, entre outros. Isso faz com que, mesmo nos últimos dois anos de redução de economia nacional (e do estado), o setor de base florestal continuou crescendo em referência a empregos, exportações, investimentos, diversificação e desconcentração da atividade econômica no estado. Tudo isso está sendo demostrado nesse relatório”, informa o diretor executivo da ABAF, Wilson Andrade.

Inegavelmente, a Bahia possui uma expressiva importância e ativa participação no setor de base florestal nacional. Detentor de 647,8 mil hectares plantados principalmente com eucalipto, o estado está entre os líderes do ranking de área florestal plantada. Possui ainda 32,3 mil hectares plantados com seringueira, que alimenta a indústria da borracha (látex). Os plantios florestais estão concentrados principalmente na Região Sul e Extremo Sul, Litoral Norte, Oeste e Sudoeste do estado da Bahia.

As condições edafoclimáticas adequadas e favoráveis (além da elevada tecnologia empregada) ao desenvolvimento florestal contribuem para os expressivos indicadores estaduais de produtividade florestal. A média nacional de produtividade florestal para o eucalipto é de 36 m³/ha/ano. O estado da Bahia corrobora ativamente para que a média nacional esteja acima de outros players mundiais. Na Bahia, a produtividade florestal média aos 7 anos é de 34 m³/ha/ano (considerando madeira com casca e volume comercial com diâmetro a partir de 8 cm); e em determinadas regiões ultrapassa 45 m³/ha/ano, acima da média nacional.

A Bahia possui 730,5 mil hectares de florestas certificadas (entre áreas de produção e de remanescentes nativos) voluntariamente pelas empresas através do sistema FSC e/ou CERFLOR. Esta área é significativa e evidencia a adesão das empresas do setor à preocupação mundial de diferenciação e valorização de produtos originados de florestas manejadas de forma sustentável e responsável. Dados de 2016 evidenciam que 64% da área plantada no estado está certificada com selos FSC e/ou CERFLOR.

No campo industrial, a Bahia se destaca pela diversidade de segmentos de base florestal que compõem sua cadeia produtiva. Entre estes segmentos, destaque para celulose, celulose solúvel e papel, além de serrados, madeira tratada, móveis, carvão vegetal, biomassa e resíduos florestais que alimentam principalmente o agronegócio e a indústria de bioenergia. O estado abriga atualmente 636 empresas diretamente ligadas ao setor de base florestal.

Historicamente, a média de produção de madeira em tora na Bahia é 16 milhões m³/ano. A produção destinada à produção de celulose e papel (C&P) é a mais representativa no estado, sendo que dos 16 milhões m³ produzidos pelo setor florestal estadual em 2016, 86% foi para atender a indústria de celulose e papel. A produção total de madeira em tora na Bahia (2016) representa 7% do total nacional, sendo que praticamente 100% referem-se à madeira de eucalipto.

O Produto Interno Bruto (PIB) da cadeia produtiva do setor florestal-industrial da Bahia atingiu R$ 9,3 bilhões em 2016. Este setor contribuiu com cerca de 4,0% no total do PIB estadual no referido ano, o que evidencia o grau de participação do setor na economia da Bahia.

Estima-se que a arrecadação tributária do setor florestal-industrial para a Bahia em 2016 foi de R$ 2,69 bilhões, o que representa contribuição de 3,2% no total arrecadado pelo estado, evidenciando a relevante contribuição tributária do setor florestal estadual.

Responsável por comercializar internacionalmente 19% do total das exportações gerais do estado, o setor de produtos de base florestal é o principal da economia baiana quanto ao recebimento de divisas (exportações), sendo a China o principal destino comercial. O setor florestal da Bahia é responsável pela construção do saldo positivo da balança comercial do estado.

Em 2016, o setor investiu R$ 713 milhões no estado, sendo que 60% deste total foi destinado aos plantios florestais, 37% à indústria e os outros 3% referem-se a programas socioambientais, bem como à pesquisa e inovação florestal. Dos 3,04 milhões de empregos do setor florestal brasileiro em 2016, a Bahia foi responsável por 7,5%, ao ter gerado 228,7 mil empregos (diretos, indiretos e efeito-renda) para 2016. Este total incorpora as diversas atividades que compõem o setor florestal, desde o pré-plantio (preparo de mudas e terreno), efetivo plantio e colheita florestal até o efetivo processamento industrial dos diferentes produtos de madeira.

Estima-se que em 2016, a renda gerada pelo setor florestal-industrial, que representa o montante total de salários líquidos pagos aos trabalhadores (considerando emprego direto, indireto e efeito renda), atingiu R$ 608,5 milhões, o que representa cerca de 6% do total nacional (R$ 10 bilhões – IBÁ, 2017). Esse total é, via de regra, reinvestido na economia através destes trabalhadores na aquisição de bens e consumo.

Os programas de fomento florestal firmados pelas associadas da ABAF totalizaram mais de 78 mil hectares plantados, com cerca de 410 contratos em 2016, beneficiando mais de 2.500 famílias, contribuindo para geração de benefícios econômicos e financeiros, criando empregos, renda e tributos aos municípios, e promovendo assim o desenvolvimento local e estadual como um todo.

Por meio da análise de indicadores de desenvolvimento municipal (Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal – IFDM de 2005 e 2013), observa-se que municípios com operações florestais, via de regra, apresentam melhoria do índice (variação percentual) superior à variação estadual no período (18%). Isso evidencia o alto grau de desenvolvimento proporcionado pelo setor de base florestal em áreas em que atua diretamente, ressaltando sua importância socioeconômica para as famílias em que está inserido, para os munícipios, estado e para o país como um todo.

Estima-se que entre 450-500 mil hectares com ecossistemas florestais nativos no estado são destinados à proteção e preservação ambiental. Deste total, as empresas associadas da ABAF contribuem com 381 mil hectares, o que representa cerca de 88% do total. Paralelamente a estas iniciativas empresariais, a ABAF junto a outros atores locais e estaduais também age diretamente na promoção de programas socioambientais com destaque ao programa “Ambiental Florestal Sustentável” e ao programa “Mais Árvores Bahia”.

Através destes dados e informações fica evidente a intensa e crescente preocupação do setor florestal da Bahia com o desenvolvimento de atividades florestal-industriais com a preservação de ecossistemas, geração de emprego e renda, bem como com a disseminação e promoção de treinamentos e capacitações.

Leia o Bahia Florestal:

http://www.abaf.org.br/wp-content/uploads/2017/12/Bahia-Florestal_Relatorio_ABAF_2017.pdf